quinta-feira, abril 09, 2015

Giram dançantes
reflexos precoces,
perenes impressões.
Houvessem tempos
algum que fosse
compreensíveis seriam...
esses templos
diversidades dela:
unidade diversa.
É que vejo fêmea
essa que faz de si
todas as outras
que nela são
viventes.

segunda-feira, julho 07, 2014

As sombras que se estendem
Sob a luz do passado
Encobrem as pegadas
E o caminho ao futuro
Perde-se na angustia do tempo
Que faz dos passos
A representação desta angustia
O tempo é a inércia e a gravidade

sexta-feira, dezembro 20, 2013

uma ausência tão cruel
um silêncio que (eu sei) não terá fim
o que falta, repõem-se
mas esta ausência
(a minha... a de meu irmão...)
...

segunda-feira, dezembro 16, 2013

# 12/2013

a eterna curva-se sob si
forma de mola sem fim
espiral enrola sobre mim
meus momentos só aqui

fosse uma seta (transpasso)
tantos aqui veria (elipse)
momentos consecutivos
tantos aqui seriam

fosse consciente de tudo
veria cada volta de mim
mas só posso ver parte
reta ou curva
seta ou mola
alma ou gene

respondam-me

cade o tempo?

sexta-feira, março 08, 2013

Censura é crime.

Senhores Juízes,
Quem rouba nosso dinheiro é ladrão, como muitos dos Senhores Deputados. O Servidor público, a autoridade pública que recebe benefícios por facilidades oferecidas usurpando de sua posição na estrutura de governo e do estado é corrupto, como muitos dos Senhores Deputados. Há Putas e filhos seus muito mais éticos que os Senhores Deputados. Falar sobre a profissão de suas mães com a raiva que tenho neste momento só as ofenderiam, as putas. Safado é aquele age sem ética, tentando esconder as atitudes sórdidas, como muitos dos Senhores Deputados. Sem vergonha são aqueles que agem da maneira mais ordinária e ofensiva a sociedade e não se importam com isso, como muitos dos Senhores Deputados. Os senhores deveriam trabalhar na casa do povo, mas muitos dos Senhores Deputados ou não trabalham quando vão, ou simplesmente não vão, como fazem os vagabundos.

quarta-feira, agosto 26, 2009

Viagem à certeza

Em uma viagem de negócios particulares o homem tenta se deter a paisagem. Campos, fábricas, casas, fábricas, campos e tudo se repete em duas horas e meia. Ficou difícil se concentrar na monotonia da estrada, e seu pensamento se ancorou novamente na busca de uma certeza.
Certeza, para ele, naquele momento era um estado de espírito, que buscava com desejo. Ele teria largado trabalho e família pela paz que traria novamente seu sono. Sua expressão negava sua inquietação, ele tinha nos olhos e na face a expressão de quem está prestes a sorrir. Nem alívio, nem nervosismo. Ele estava no encalço da certeza, isso o mantinha otimista. Em seu silêncio desenrolava um debate entre os pontos que não deixavam a certeza solidificar-se. Ele tinha coisas importantes a fazer, decisões fundamentais dependiam de fundação sólida feita em bases concretas, e não há nada concreto sobre o qual não há a certeza. Como um minerador, munido do conhecimento que tem de si e de sua vida, ele escava entre as obrigações, os desejos e as oportunidades. A certeza estava por ali, em algum lugar, e com sua picareta de sólido auto-conhecimento ele continua, e a cada golpe ele sente que está bem próxima sua jóia. O ônibus chegou ao seu destino. Ele entrou num prédio decadente e naquela sala menor do que deveria ser para abrigar tantos papéis e funcionários, dentro de sua mente se materializou uma bisnaga de explosivo. Era o conhecimento que faltava. Uma vez detonado, revelou a certeza.
No caminho de volta, sem o debate para lhe incomodar, caiu no sono.

terça-feira, dezembro 09, 2008

Vale.

Nasci no interior, sim senhor. Posso não ter aquele 'r' apertado nos molares, mas sim aquele que sai do meio da garganta: menos interior de São Paulo, mais fluminense. Mas nasci no interior de São Paulo, sim senhor. Bem no meio do Vale do Paraíba do Sul. Meio do caminho entre Campos do Jordão (quase o topo da Serra da Mantiqueira) e Caraguatatuba (aos pés da Serra do Mar).

Não tenho o hábito de ouvir viola, nem em moda, nem em seresta, mas não a nego, assim como não nego aos meus ouvidos o samba. Mas cresci nos anos 80, e o som com o qual cresci era titânico, paralâmico, errepeêmico... Sou roqueiro, brasileiro convicto, mas roqueiro. Ainda assim sou caipira do interior de São Paulo.

E se o azul me parece monótono, o vermelho também o é. O vermelho onde se planta café e cana. O azul onde o olhar fica no horizonte gigante. Onde nasci e cresci o horizonte não é plano. Também não é quebrado quadrado, os olhos não precisam passar por muitas janelas antes de o encontrar. A cidade não é pequena, mas no horizonte não tem prédio; tem morros, montanhas, tem serra pra todo lado. E o horizonte plano é monótono e divino, o quadrado é indigesto e masculino, mas quando é arredondada: é serra, é fêmea, atraente, provocante. Seduz pedindo para lhe subir, lhe ganhar e enxergar além, olhar mais para dentro; para fora é azul e monótono; para dentro é sinuosa, verde e viva; para além é vermelho e plano.

Onde nasci e cresci o desejo de ver além tem um significado especial. Porque além não é dentro do prédio da frente, nem é um horizonte plano e distante, é uma serra tangível, onde tem vida. Não as solitárias vidas encarceradas nas janelas dos horizontes quadrados, mas as cachoeiras, as árvores, as aves... a natureza canta quando penetramos a serra. E quando a encontramos gozamos a vida. Quando chegamos no topo tangível, descobrimos que existe tanta serra tangível que poderíamos passar a vida toda procurando ver além e toda ela.